A intolerância à lactose é uma reação alimentar adversa, portanto não relacionada ao sistema imunológico e sim a uma deficiência enzimática da lactase. Sabe-se que a prevalência da intolerância a lactose varia de acordo com a etnia, abrangendo 90% da população sudeste asiática, de 70 a 80% da população do sul da Europa e menos de 5% do norte da Europa, além de acometer predominantemente pessoas com 50 anos ou mais, tendo uma estimativa de 46% de pessoas com esta intolerância. A estimativa mundial é de que 70% da população sofre de intolerância à lactose.
A intolerância à lactose pode ser classificada em quatro tipos, a deficiência primária de lactase ou hipolactasia adulta é a mais frequente delas, o termo hipolactasia significa diminuição na ação da enzima lactase na mucosa do intestino, é caracterizada por alterações nos genes codificadores de lactase devido a fatores hereditários. Na literatura também encontramos a hipolactasia adulta classificada como congênita e adquirida, esta última podendo ser classificada em primária e secundária. A hipolactasia adquirida primária ou não persistência á lactose, se trata da perda programada da atividade de lactase, sendo considerada fisiológica, visto que após o desmame, fisiologicamente a atividade da lactase diminui na maioria das populações.
Já o segundo tipo, é a hipolactasia adquirida secundária ou deficiência secundária da lactase pode ocorrer em decorrência de doenças que afetam a borda da mucosa do intestino, enterite regional, infecção por Ascaris lumbricoides, diarréia infecciosa, intestino curto, sendo esta transitória e reversível mediante a tratamento.
O terceiro tipo é a intolerância congênita, a literatura apresenta diversas descrições para a intolerância congênita, sendo descrita por alguns autores como deficiência congênita da lactase e por outros como deficiência congênita da lactose. Na intolerância congênita de lactase, conhecida como herança autossômica recessiva e é passada de geração em geração, o recém-nascido não apresenta atividade da enzima lactase, esta está ausente no momento do nascimento, fator incomum visto que, neonatos de forma geral tem alta atividade de lactase. Já intolerância congênita á lactose não está relacionada a uma deficiência enzimática e sim a uma falha na absorção gástrica podendo ser fatal na primeira infância, tornando esta uma discussão controversa sobre o real mecanismo deste tipo de intolerância. Uma vez que ainda existe o quarto tipo, é a intolerância ontogenética á lactose, caracterizada pela má absorção da lactose, podendo manifestar durante a infância ou vida adulta.
Fonte: trecho do artigo Fatores desencadeantes da intolerância à lactose: metabolismo enzimático, diagnóstico e tratamento, de Bianca Cestari Zychar e Beatriz Araújo Oliveira.